Getting High
Uff! Que dia. Hoje encontrei o Tiago. Já há algum tempo que não o via, embora falasse com ele de vez em quando. É claro que quando se está com o Tiago não se podem fazer coisas muito normais. Desta vez ele decidiu levar-me a escalar. Ok, disse-lhe eu, por mim na boa. É uma sensação espectacular, estar lá em cima. Inspiro e de repente o mundo inteiro entra-me pelos pulmões dentro e sinto-me bem, relaxado. É um bocado estranho quando penso nisso, afinal de contas quem é que fica relaxado quando está agarrado a uma parede a 20 metros do chão (são 5 andares!!)? Mas com o Tiago isto seria demasiado simples. Não, tem que haver mais qualquer coisa. Propõe-me perder o medo pelas quedas, sim porque para quem escala as quedas são bastante frequentes. E que melhor maneira de perder esse medo do que saltar. É bastante simples: estou lá em cima e o Tiago cá em baixo, (ele tem os pés bem assentes no chão...), entretanto dá folga à corda e eu atiro-me. É suposto cair, cair, cair e de repente a corda dar um esticão que me atira de encontro à parede (é esta a parte que supostamente me poderia causar medo). Se por acaso não sentir o esticão algo correu mal.
Bem, hoje realmente senti-me vivo, muito vivo. Estou muitos metros acima do chão com uma corda presa à cintura, meio bamba não oferecendo qualquer sensação de segurança, e depois é simples, tenho que largar a parede e deixar-me cair.
Pois esse é que é o grande problema.
Existe uma coisa chamada instinto que dispara e começa-nos a dizer que somos completamente malucos, para não fazermos nada daquilo e deixarmo-nos estar quietinhos sem cometer nenhuma loucura. As pernas começam-me a tremer, os braços também. Acho que se tremer mais um bocado acabo por cair mesmo. É incrível, estar numa situação do mais contra natura que me lembro, a adrenalina que supostamente nos faz ficar mais rápidos e com menor tempo de reacção faz-me ficar com medo, muito medo. Não quero saltar.
Não salto, digo para o Tiago.
Salta, diz-me ele.
Simples, não é? Há uma fracção de segundo em que quero mesmo saltar e penso que vou mesmo saltar mas não, volto-me a agarrar com quantas forças tenho.
E de repente senti-me vivo, aquele momento em que tomo a decisão de saltar e me lanço para trás, aquele momento sem retorno, faz-me saber que estou vivo, o meu espírito está livre e tem vontade própria para contrariar aquilo que o meu corpo diz para fazer, para me deixar estar quietinho. Depois há a queda que parece interminável. É delicioso o breve espaço de tempo em que não sinto qualquer peso e caio, caio e estico!! Pois, realmente a parte de bater contra a parede dói, dói muito. Fico pendurado a girar de um lado para o outro, enquanto o Tiago, lá de baixo, me felicita. Tremo por todos os lados, olho para a minha perna e parece que tem vida própria, parece que está epiléptica. Olho para a outra mas está mais calma, parada. Por dentro tremo, o meu espírito treme mas sente-se vivo como nunca. De repente sinto-me eufórico como se fosse capaz de conquistar o mundo.
O Tiago pergunta-me que tal? Eu respondo-lhe que quero saltar outra vez. Ao que parece, a sensação de estar vivo é altamente viciante. O Tiago já sabia, eu percebi agora.
Well, I think it’s time to get high again. This time, no climbing.... just the “normal” way.
Bem, hoje realmente senti-me vivo, muito vivo. Estou muitos metros acima do chão com uma corda presa à cintura, meio bamba não oferecendo qualquer sensação de segurança, e depois é simples, tenho que largar a parede e deixar-me cair.
Pois esse é que é o grande problema.
Existe uma coisa chamada instinto que dispara e começa-nos a dizer que somos completamente malucos, para não fazermos nada daquilo e deixarmo-nos estar quietinhos sem cometer nenhuma loucura. As pernas começam-me a tremer, os braços também. Acho que se tremer mais um bocado acabo por cair mesmo. É incrível, estar numa situação do mais contra natura que me lembro, a adrenalina que supostamente nos faz ficar mais rápidos e com menor tempo de reacção faz-me ficar com medo, muito medo. Não quero saltar.
Não salto, digo para o Tiago.
Salta, diz-me ele.
Simples, não é? Há uma fracção de segundo em que quero mesmo saltar e penso que vou mesmo saltar mas não, volto-me a agarrar com quantas forças tenho.
E de repente senti-me vivo, aquele momento em que tomo a decisão de saltar e me lanço para trás, aquele momento sem retorno, faz-me saber que estou vivo, o meu espírito está livre e tem vontade própria para contrariar aquilo que o meu corpo diz para fazer, para me deixar estar quietinho. Depois há a queda que parece interminável. É delicioso o breve espaço de tempo em que não sinto qualquer peso e caio, caio e estico!! Pois, realmente a parte de bater contra a parede dói, dói muito. Fico pendurado a girar de um lado para o outro, enquanto o Tiago, lá de baixo, me felicita. Tremo por todos os lados, olho para a minha perna e parece que tem vida própria, parece que está epiléptica. Olho para a outra mas está mais calma, parada. Por dentro tremo, o meu espírito treme mas sente-se vivo como nunca. De repente sinto-me eufórico como se fosse capaz de conquistar o mundo.
O Tiago pergunta-me que tal? Eu respondo-lhe que quero saltar outra vez. Ao que parece, a sensação de estar vivo é altamente viciante. O Tiago já sabia, eu percebi agora.
Well, I think it’s time to get high again. This time, no climbing.... just the “normal” way.
1 Comments:
The old fashioned ways remain the best!
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