<BODY><!-- --><div id="b-navbar"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-logo" title="Go to Blogger.com"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/logobar.gif" alt="Blogger" width="80" height="24" /></a><form id="b-search" action="http://www.google.com/search"><div id="b-more"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-getorpost"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_getblog.gif" alt="Get your own blog" width="112" height="15" /></a><a href="http://www.blogger.com/redirect/next_blog.pyra?navBar=true" id="b-next"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_nextblog.gif" alt="Next blog" width="72" height="15" /></a></div><div id="b-this"><input type="text" id="b-query" name="q" /><input type="hidden" name="ie" value="UTF-8" /><input type="hidden" name="sitesearch" value="alwaysmandy.blogspot.com" /><input type="image" src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_search.gif" alt="Search" value="Search" id="b-searchbtn" title="Search this blog with Google" /><a href="javascript:BlogThis();" id="b-blogthis">BlogThis!</a></div></form></div><script type="text/javascript"><!--function BlogThis() {Q='';x=document;y=window;if(x.selection) {Q=x.selection.createRange().text;} else if (y.getSelection) { Q=y.getSelection();} else if (x.getSelection) { Q=x.getSelection();}popw = y.open('http://www.blogger.com/blog_this.pyra?t=' + escape(Q) + '&u=' + escape(location.href) + '&n=' + escape(document.title),'bloggerForm','scrollbars=no,width=475,height=300,top=175,left=75,status=yes,resizable=yes');void(0);}--></script><div id="space-for-ie"></div><!-- --><div id="b-navbar"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-logo" title="Go to Blogger.com"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/logobar.gif" alt="Blogger" width="80" height="24" /></a><form id="b-search" action="http://www.google.com/search"><div id="b-more"><a href="http://www.blogger.com/" id="b-getorpost"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_getblog.gif" alt="Get your own blog" width="112" height="15" /></a><a href="http://www.blogger.com/redirect/next_blog.pyra?navBar=true" id="b-next"><img src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_nextblog.gif" alt="Next blog" width="72" height="15" /></a></div><div id="b-this"><input type="text" id="b-query" name="q" /><input type="hidden" name="ie" value="UTF-8" /><input type="hidden" name="sitesearch" value="olhosdemar.blogspot.com" /><input type="image" src="http://www.blogger.com/img/navbar/1/btn_search.gif" alt="Search" value="Search" id="b-searchbtn" title="Search this blog with Google" /><a href="javascript:BlogThis();" id="b-blogthis">BlogThis!</a></div></form></div><script type="text/javascript"><!--function BlogThis() {Q='';x=document;y=window;if(x.selection) {Q=x.selection.createRange().text;} else if (y.getSelection) { Q=y.getSelection();} else if (x.getSelection) { Q=x.getSelection();}popw = y.open('http://www.blogger.com/blog_this.pyra?t=' + escape(Q) + '&u=' + escape(location.href) + '&n=' + escape(document.title),'bloggerForm','scrollbars=no,width=475,height=300,top=175,left=75,status=yes,resizable=yes');void(0);}--></script><div id="space-for-ie"></div>

sexta-feira, junho 6

124 VIA LENTA

Dedicado a todos aqueles que sabem perfeitamente aquilo a que o título se refere
Que doçura, não é verdade? As luzes na terra, as luzes na água, a cidade, o rio, a maresia, os bentos salpicos de Tejo na fronha se conseguires lugar rente à borda. É verdade que tudo tem um ar meio seboso, a começar pelas cordas embebidas de óleo, sem esquecer as tábuas do convés queimadas pelo sal e a beata de SG Ventil cravada nos beiços do velho que ao teu lado deita olhares melancólicos para o fundo do rio como quem procura uma antiga namorada. Tens ainda de te abstrair dos urros e caralhadas trocadas entre marujos da água e marujos da terra. São marinheiros de água doce, todos eles, mas sabem mais do mundo do que tu aprenderias em dez vidas que vivesses. É um cruzeiro de pobres, mas também, por 74 cêntimos, estavas à espera do quê? Teu amigo é quem to diz: goza bem a vista sobre Lisboa, aprovisiona-a como quem enche o peito de ar antes de dar um mergulho, é a vista mais bela que terás à mão esta noite. Sejamos francos e directos: o mais belo de Almada é a vista privilegiada que temos sobre a Grande Alface. Quando andava na escola, tanto nos bombardearam com propaganda municipal, Almada, do lado certo, cidade de belezas sem igual, concelho de história, de tradição, de modernidade, tralalá pardais-ó-ninho que cheguei mesmo por momentos a acreditar nalgumas dessas patranhas. Sei que estás a desmentir só para me seres agradável, deixa-te disso que o desengano é a serventia da casa. O mais belo da margem sul, ou simplesmente a Margem, para os conhecedores, é esta vista que aqui tens, e a costa atlântica, bem entendido. Aí sim, a beleza é plena, mas o mérito não é do homem: o mar é o mar é o mar é o mar, é belo em qualquer parte do mundo (excepto, talvez na Inglaterra). Anda, salta, como toda a gente. Se esperarmos que eles estendam o passadiço ainda perdemos a camioneta. Que te parece a terra firme? A tudo isto chama-se Cacilhas.
Reza a lenda que o nome vem do «dá cá cilhas» que era dito pelos comerciantes ao descarregar a mercadoria dos barcos para o lombo dos burros. Não é propriamente lírico, bem sei. O cheiro é uma mistura de algas podres, óleo de máquinas e xamom rançoso. Não ligues ao rato espalmado no asfalto com marcas de pneu, é nova campanha da michelin, não sabias passas a saber. Aposto que não te arrependes da dúzia de ginjinhas com elas que esvaziámos nas Portas de Santo Antão! Em frente ao embarcadouro, para lá da caravana de táxis parados, uns beiges e outros verdes e negros, tens o enorme descampado, do tamanho de meio campo de futebol, que serve de terminal de autocarros a céu aberto. Para a direita, estendem-se o cais do Ginjal e Olho de Boi, uma doca estreita, escura e húmida, onde uma dúzia de fantasmas negros pescam bogas e tainhas pela noite adentro, em frente aos armazéns abandonados que ameaçam derrocada. Para a esquerda, tens os antigos estaleiros de reparação naval da Lisnave, também desactivados, uma lixeira de ferrugem a perder de vista, com docas secas, gruas, correias e maquinarias que destilam óleos antigos se faz chuva e assobiam das frestas se faz vento. É deixá-los estar quietos: com alguma imaginação e boa vontade, ainda se solda uma plaquinha de bronze àquele monte de ferro-velho para descerrar em vésperas de eleições com discurso e beberete, loas ao artista e direito a foto no boletim municipal, e com certeza há-de dar um bom monumento às «Conquistas de Abril» ou ao aniversário do «Associativismo Operário Livre». Ou a algo do género. Viver num concelho CDU por vezes dá a sensação de fazer parte duma recriação histórica do PREC, uma espécie de parque temático em que o rato Mickey usa bigode à Estaline. Digo-o com carinho. Do mal, o menos. Detestaria ver a freguesia ribeirinha de putas, marujos, estivadores, bêbados, carochos e loucos sonhadores substituída por meninos de fato e gravata com a pasta e o saco do ginásio numa mão e saquinho de papel da loja gourmet na outra. Os comunas, ao menos, mantêm aquilo num nível saudavelmente xunga. Sei que talvez não concordes comigo, mas eis o que penso: Portugal já foi uma nação de forcados, de campinos, marujos, pescadores de bacalhau, homens de barba rija, de pêlo na venta, gente de ardor, gente com raça, amante da paz, mas ciosa da sua honra e da sua liberdade. Mas uma seita de mariconsos e higieno-fascistas tomaram o poder sem nos termos dado conta e lentamente estão a transformar tudo a seu gosto. Eles não vão conquistar Cacilhas, jamais!, por cima do meu cadáver!
Que dizes? Que eu falo como se gostasse realmente disto? E quem te disse que eu não gosto? ‘Tou-te a topar: como eu disse que isto era feio, tu pensaste logo que eu não gostava. É preciso ser-se um cabrãozinho bem comichoso para só gostar do que é belo, não achas? Que o coração não é um esteta é ponto assente, e não me venhas cá com Platão, o que é belo não é necessariamente bom nem vice-versa, que percebia esse gajo da vida? É um gosto que se adquire. Nem é bem um gosto, para ser preciso: é uma visão do mundo, que quando te agarra, já não te larga. Se não fosse um lugar-comum, diria mesmo que é um estado de alma.
Por essas e por outras, não tenciono impingir-te nada. Uma visita guiada nunca fez mal a ninguém. Podia ter-te calhado pior cicerone. Agora corre, ainda perdemos a camioneta.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Há muito que tinha saudades de vir aqui ler os teus desvaneios...a loucura, a outra visão...não pares de escrever porque como li algures as letras nacionais ficaram mais enriquecidas....

julho 07, 2008 9:08 da manhã  
Blogger Funafunanga said...

Obrigado, Andreia. A sério. Prometo que farei um esforço por ir lançando coisas novas.

julho 08, 2008 11:29 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home