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sábado, fevereiro 25

As maiores vigarices da era pós-moderna: o "emprego ideal"

Este texto estava num dos meus blocos de notas e faz parte de um conjunto de dissertações filosóficas e sociológicas ainda em construção em volta da temática dos maiores embustes e os maiores charlatães da nossa era.

Hoje em dia, dir-se-ia que não existe um único ser humano nas sociedades ocidentais plenamente contente com a sua situação profissional. Tornam-se frequentes desabafos de o trabalho que fazem não ter a ver com o seu perfil, de não se sentirem realizados, da monotonia do quotidiano laboral.

Na era industrial, as reivindicações dos assalariados tinham a ver sobretudo com a remuneração e com as condições de trabalho. Hoje em dia, num período da história em que grande parte da população ocidental trabalha no sector dos serviços, essas reivindicações, apesar de manterem a actualidade, passaram para segundo plano em relação a outras mais “metafísicas”, que se prendem com a natureza do trabalho em si.
Mesmo quanto às reivindicações puramente materialistas, o assalariado da era industrial tinha sempre a hipótese da greve, da revolta proletária, da revolução socialista que, se não resolvia os seus problemas, sempre era uma excelente via de escape para a agressividade latente. Hoje essas manifestações estão profundamente fora de moda e pode dizer-se que caíram totalmente em desuso junto da classe média (com excepção dos funcionários públicos e, ainda assim, sem um décimo da violência dos tempos áureos), de mentalidade pequeno-burguesa e avessa a tudo o que cheire ainda que vagamente a “manias dos comunas”. A classe média, sociológica e economicamente, vive na encruzilhada por se encontrar a meio da pirâmide da exploração, que mais não é do que a velha e biológica pirâmide alimentar aplicada às sociedades humanas. Essa encruzilhada deriva do facto desta classe manter sentimentos de solidariedade com os dois extremos: a solidariedade com as classes baixas deriva do facto de, tal como elas, também a classe média sentir sobre si o peso da exploração capitalista; a solidariedade com as classes altas deriva de, tal como elas, também esta classe ter as suas poupanças e aforros a defender, ainda que a um nível mais modesto. Deste cerco deriva a mentalidade pequeno-burguesa, que se caracteriza justamente pela amarga consciência da sua própria exploração (tal como sucede com as classes baixas), combinada com a falta de coragem para se revoltar contra esse jugo, porque também tem algumas poupanças em jogo (tal como as classes altas). Daí deriva a posição de neutralidade forçada da classe média em relação à luta de classes. Não é verdade que a classe média não tenha consciência de classe, como defendem alguns marxistas mais ressabiados com a evolução da história pós-Perestroika. Ela tem uma mentalidade de classe extremamente arreigada e é essa mentalidade determina a sua ânsia de “estar de bem com Deus e com o diabo”, defendendo da melhor forma que lhe parece possível os seus interesses pequeno-burgueses—pequeno-burgueses, ou seja, burgueses, mas dos pequeninos…
Contudo, a frustração em relação à actividade profissional que aqui se fala não é a frustração que deriva da pura e simples exploração económica: ela é espiritual. O paradigma marxista da alienação revela-se completamente inútil para explicar este fenómeno, cujas causas não são materiais nem economicistas.

A frustração de muita gente em relação à sua actividade profissional deriva de um erro de perspectiva que tem a sua génese na democratização do ensino superior.
As pessoas frequentemente procuram um emprego que as faça sentirem-se “realizadas enquanto seres humanos”, que as “estimule”, em suma, que dê um sentido às suas existências. Este fenómeno é tão mais notório quão maior for o grau de educação dos trabalhadores.
Ao longo de séculos, as universidades eram vistas como catedrais do saber pelo saber, locais de discussão teórica e bastiões de conhecimentos herméticos, apenas acessíveis a uma pequena minoria privilegiada. As universidades serviam para instruir os filhos de famílias ricas, clérigos e nobres, que delas faziam fóruns de debates mais ou menos diletantes e desligados da realidade social: em suma, as universidades serviam exclusivamente quem delas não necessitava para a economia das suas vidas.
Com a democratização do acesso ao ensino superior, em muitos países europeus acompanhada pela gratuitidade, tendencial ou efectiva, do mesmo, as universidades viram-se invadidas por uma multidão de origens humildes que com enorme esforço económico reclamava delas não apenas a transmissão de conhecimentos teóricos pelo simples prazer de aprender, mas como veículo de ascensão social. Pela primeira vez na sua história, as sumidades catedráticas que povoavam as bibliotecas e anfiteatros académicos viram-se confrontadas por uma multidão oriunda da classe média que desprezava a teoria pura e reclamava por “cursos com saída”.
Compreende-se que essas novas gerações, ao fim de anos de grande investimento financeiro e intelectual na obtenção de uma educação superior, pretendessem, com o diploma na mão, ser de algum modo recompensadas por todo esse esforço. Assim, colocam toda a expectativa de uma vida realizada na sua colocação no mercado de trabalho.

Porém, buscam esse ideal no local errado. Aqui vem a dura realidade: trabalho é trabalho—não é suposto ser agradável, não foi pensado como instituição para contribuir para a realização espiritual dos seres humanos, e não há registo de nirvanas atingidos durante reuniões de negócios—ou tão pouco de coffee breaks… O trabalho cumpre, da perspectiva do trabalhador, única e exclusivamente uma função económica que é a de assegurar o sustento do próprio e respectiva família. Porventura retirariam os homens das cavernas prazer das caçadas a animais selvagens? Ou interrogar-se-iam sobre essa questão? Contudo, do ponto de vista da função social e económica, não existe diferença alguma entre caçar um mamute e trabalhar das nove às cinco em frente a um computador. Será que o camponês, cujos pais, avós e bisavós sempre foram camponeses e que nada mais possui além das suas terras, perde tempo a questionar-se sobre se trabalhar no campo será a actividade ideal para si, tendo em conta o seu perfil psicológico imaginativo e empreendedor?
Antes do alvor do epidémico mal de vivre laboral, as pessoas procuravam a razão das suas vidas, aquilo que as fazia sentirem-se realizadas, a outros lados que não à actividade destinada ao seu sustento: iam buscá-lo à família, aos amigos, eventualmente até à actividade política, cultural e artística. Não faziam exigências metafísicas e irrealistas ao trabalho, exigências para cuja satisfação tal instituição não foi idealizada, a e assim tinham uma relação equilibrada do ponto de vista espiritual com a actividade profissional que exerciam.

Pormenor linguístico típico do messianismo laboral: é frequente dizer-se “Eu sou advogado” em vez de “Eu dedico-me à advocacia” ou “Eu sou contabilista” em vez de “Eu trabalho em contabilidade”. Completa e inexorável projecção da imagem do próprio ser na actividade que se realiza para alcançar o sustento. Deveria haver terapias de grupo subsidiadas cujo objectivo fundamental seria criar seres humanos que, findo o processo terapêutico, afirmassem com toda a convicção “Advogado/Contabilista/Pastor/Arquitecto é aquilo que eu FAÇO. Aquilo que eu sou é infinitamente mais vasto, mais complexo e mais profundo!”.

O mais grave é que existem indivíduos—sobretudo psicólogos e técnicos de recursos humanos, genericamente chamados conselheiros vocacionais—que vivem de inculcar e perpetuar esta loucura na mente das pessoas. Estes estão entre os maiores charlatães da era pós-moderna!

10 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tu, meu caro, estás mto, mas mto à frente!
Pilhas e pilhas de calhamaços de sociologia a tresandar a materialismo dialéctico já muito velhinho e poeirento n valem um chavo ao lado deste teu artigo.
Brutal! Escreve mais!

fevereiro 25, 2006 1:11 da manhã  
Blogger Filipe de Arede Nunes said...

Oh Funa, por momentos isto cheirou-me a recalcamento de comuna!
Depois, cheirou-me a queimado, mas provavelmente devido ao facto de ter o arroz ao lume!
Depois, como de costume achei brilhante.

março 01, 2006 10:35 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Uma proposta de leitura:
"Manifesto contra o Trabalho", editado pelo grupo alemão ex. Krisis, agora Exit (a própria mudança tem muito que se lhe diga), pela mão de vários autores. Uma boa introdução aos estudos teóricos deste grupo alemão, já com ramificações pelo mundo inteiro.
http://obeco.planetaclix.pt/ (pág. em português)
recomendo ainda para o teu "trabalho" sobre esse tema "Dominação sem Sujeito"

março 06, 2006 4:28 da tarde  
Blogger Nuno said...

Boa, muito bem.

Agora, como explicar à loira nórdica que se senta ao meu lado no bar quem é que eu sou, quando ela me pergunta o que é que eu faço, e especialmente em muito pouco tempo, já que ela baza de BCN na manhã seguinte?

Acho que dizer que "sou um bartender, que faz windsurf, snowboard e escalada nos tempos livres" até tem algum estilo, apesar de eu ser mais que isso ;)

março 12, 2006 1:21 da manhã  
Blogger Funafunanga said...

Aditamento à minha teoria, em função do comentário do Nuno:
Ser bartender e pôr música em Barcelona, rodeado de mulheres bonitas a meter conversa não é um emprego, é atingir o nirvana, portanto não te compares ao comum dos mortais a quem as minhas teorias se aplicam, seu sortudo de merda!
Um abraço!

março 12, 2006 11:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

é a 1ª vez que comento neste blog. Queria dizer que apreciei muito este texto, tem conteúdo. parabéns

março 16, 2006 5:57 da manhã  
Blogger Dunyazade said...

Muito interessante :)

agosto 18, 2006 6:50 da tarde  
Blogger Inês said...

Sim importante, agora adapta-o, imagina uma realidade, atribui nomes e aplica essa filosofia/sociologia...enfim qualquer coisa "gia"...a uma típica cena num café (por exemplo)

Se me permites, pequena sugestão, escreves brilhantemente, mas são precisos uns bons 15min para entender, compreender, decifrar e calcular aquilo que tu escreves/pensas (...) muito tempo exiges tu, para dizer algo que me parece, ter ja sido dito e num espaço "internautico"

agosto 23, 2006 3:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Como sempre um grande pensador....
Texto profundo, aplicável a qualquer realidade, mesmo ao bartender (imagina um que seja gay e tenha q levar com as mulheres todas por que trabalha num bar hetero)..

novembro 08, 2006 9:25 da manhã  
Blogger Paulo said...

Bem visto.

fevereiro 07, 2007 11:44 da tarde  

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