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terça-feira, dezembro 6

Quando as almas se descascam e dois olhares se desabotoam (cenas de próximos capítulos)

Nasci numa conjugação planetária complicada. Júpiter estava de pau feito na casa de Vénus enquanto Marte e Neptuno jogavam à sueca em Urano e Gémeos fumavam uma com Capricórnio. Talvez por isso dê um valor quase místico às mais pequenas e banais coisas do quotidiano. Ou talvez seja pura e simplesmente louca... Mas não sou a única.

A conversa daquela noite era dominada por Miguel que, de olhar escarlate e palpitante, explicava as teorias que lhe ocorriam por essa Europa fora, em momentos de alucinação.
— Vejam se me compreendem!, dizia ele, Uma dimensão é tudo aquilo que só é mensurável dentro de si próprio. É impossível medir o peso de uma hora ou de um minuto, por exemplo, porque o tempo só é mensurável através dele mesmo. Posso olhar para uma cadeira e medi-la, pesá-la. No entanto, se fecho os olhos, essa mesma cadeira mantém-se na minha mente, mas passa para outra dimensão que não é a do espaço. Eu não posso medir ou pesar o meu pensamento sobre uma cadeira. Isto significa que tudo aquilo em que pensamos se encontra numa dimensão diferente da do espaço e do tempo.
Faria, também muito embriagado, respondia qualquer coisa sem nenhuma ligação ao que Miguel estava a dizer, mas fazia-o com todo o ar de quem refutava as suas palavras: — Sim, mas tu só pensas naquilo que existe. Se pensares num elefante com duas cabeças, o processo intelectual que levas a cabo é reproduzir na tua mente um elefante normal e adicionar-lhe uma cabeça a mais. O todo, em si, não existe fisicamente, mas as partes que juntas para o formar, existem.
E então Miguel respondia, contradizendo-se a si próprio, mas sem que isso o atrapalhasse minimamente: — Só penso nas coisas que existem para mim, através de representações dos objectos.
Era como que um jogo estranho, em que a única regra era manter a conversa a correr. O que realmente se dizia era irrelevante. O mais provável, de qualquer modo, era no dia seguinte já ninguém se lembrar daqueles diálogos surreais.
Excitados e eufóricos, com os alcalóides dos excessos daquela noite a chicotearem-nos para a frente como a cavalos de corrida, tanto fazia que falarmos através de palavras e frases com sentido, como usando uma língua inventada.

Se me dirigisse a Miguel gritando “Mara ta urxani manota pubai!”, estou certa que ele responderia algo do género de “Gnasuna ot vanera sompa timurna pubai!!”, e entender-nos-íamos na perfeição, não na mensagem que as nossas palavras transmitiam, que era nenhuma, mas na ânsia de falar e de existirmos uns com os outros.
Miguel continuava a expor as suas teses mirabolantes. Agora havia-se levantado e discursava de modo inflamado, enquanto gesticulava com os braços: —Temos alguma garantia de que o pensamento é realmente aquilo que sempre nos disseram? Alguma vez alguém assistiu, com os seus próprios olhos, à actividade de um cérebro gerando um pensamento? E se tudo for mentira, e os pensamentos não forem meras abstracções? E se os pensamentos existirem fisicamente, como que a flutuar por si e desgarrados de qualquer indivíduo? Se assim for, quando temos a mente sintonizada em determinada frequência espiritual, captamos determinados pensamentos, como o aparelho que apanha estações de rádio. Isto explicaria fenómenos como a telepatia. A telepatia mais não seria do que o entendimento profundo que se forma entre duas pessoas que têm momentaneamente os seus espíritos sintonizados numa mesma frequência de pensamento, ao mesmo tempo. Já pensaram bem nisto? Se assim for, isto é o fim da individualidade do ser humano: a partir do momento em que nós não temos pensamentos que sejam nossos, fabricados por nós, mas apenas os captamos como qualquer outro pode captar, todos somos meros receptores, meras antenas de captação, à partida vazias de sentido.
Continuei a ouvir Miguel falar, até que a certa altura deixei de distinguir palavras nos sons que a sua boca emitia. Os seus sons fundiam-se nas vozes dos outros, no barulho dos grilos, da música que tocava na aparelhagem sonora de Faria. Foi então que reparei que Francisco olhava para mim, com um sorriso compreensivo.
—Estás a ouvir alguma coisa do que ele está a dizer?, perguntei-lhe (parecia que apenas estávamos ali nós os dois e todos os outros encontravam-se separados de nós por uma espécie de pano de veludo transparente, ou a anos-luz de distância).
—Eu não. E tu?, perguntou rindo.
—Também não!
Ficámos a rir um para o outro, apatetados e felizes com aquele instante dourado de cumplicidade. Segundo a louca teoria de Miguel, os nossos espíritos estariam simultaneamente sintonizados na mesma frequência de pensamento, o que era agradável. Tiveramos um instante de verdade. Um instante de verdade ocorre sempre que uma alma se descasca perante outra. Sempre que dois olhares opacos se desabotoam.

O pensamento é algo tão solitário, tão inadmissivelmente solitário! Só a telepatia nos pode salvar da inexorável solidão do nosso ser.

Assinado: A OUTRA DIANA

4 Comments:

Blogger Filipe de Arede Nunes said...

De todos os textos aqui escritos, confesso que foi deste que mais gostei. O primeiro paragrafo é brilhante e o resto do texto deixou-me a pensar sobre ele! Fabuloso.

dezembro 07, 2005 9:53 da manhã  
Blogger Nuno said...

Isto só me faz lembrar as noites passadas a jogar às cartas e a bafá-las com o Filipe e Co. Será que foi o que aconteceu? Se sim, a descrição de uma situação mais que normal (é o costume...) está brilhante :)

dezembro 10, 2005 3:44 da manhã  
Blogger Funafunanga said...

Eu adoro situações mais que normais. Situações que, com a mente sintonizada na rádio "THC F.M.", ou às vezes nem isso, se nos apresentam com um brilho quase místico. Adoro montanhas que desatam a parir ratos, e ratos que parem montanhas.
A primeira fala corresponde a uma alucinação do Lebreiro, o resto é alucinação minha e fragmentos ouvidos aqui e ali.

dezembro 10, 2005 12:47 da tarde  
Blogger Piriquita said...

Se não fosse tua parceira de alter-belógue...

dezembro 15, 2005 11:45 da tarde  

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