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sábado, julho 12

A morte do artista

Conforme já é tradição, aqui coloco as primeiras palavras dum novo livro. Esta é uma primeira versão, que provavelmente será muito revista, mas aqui fica (o texto anterior - 124 Via Lenta - também integrará este mesmo romance - qual a ligação entre os dois? Isso depois verão).

No deserto não há acácias, mas estariam a apodrecer, se as houvesse, lançando na brisa de Maio um odor putribundo e suado de alcova manchada de amor culpado. No deserto não há acácias, mas havia ela e ele num jipe que mastigava cascalho pela pista.


Ela, ao volante, de lenço lilás a amparar-lhe os cabelos negros. A paisagem estéril e o céu nu desfilavam-lhe com as suas misérias ao longo dos óculos escuros num reflexo de fantasmas esverdeados e, sob as lentes, um olhar que ele sabia tão opaco como elas, aquele olhar imperturbável de esfinge que ele sentia cravado no peito, bombeando ácido como o ferrão órfão duma abelha que se passou dos cornos. Os ombros dela, descobertos, amorteciam os acidentes do mapa e ele seguia com os olhos balanço daquela carne de bronze, o bronze duma medalha e dum pódio que umas vezes sabia ser seu, outras supunha, outras não, outras talvez e outras assim-assim.


Ele, enterrado no banco, temia aquele silêncio como temia dizer algo. Chamou-a então de mansinho: — Lara… — um solavanco do carro estragou-lhe o ambiente, mas ele esperou que o esgar de desconforto se lhe dissipasse dos lábios e insistiu, com a mão sobre a dela e a dela sobre o manípulo das velocidades: — Lara… Quero-te.


E ela sorriu porque tinha de sorrir e deitou-lhe um olhar seco. Seco, seco, seco como o deserto reflectido na película opaca dos óculos escuros. E ele, calado, encolheu o peito, desolhou e fixou-se no pó do ermo, na esperança que lhe secasse as lágrimas, escondidas na soleira das pálpebras, e o ferrão mais se crava e mais vaza, vaza, vaza veneno, foda-se, pensa ele, por que nos cansamos nós tão depressa das mulheres que nos amam loucamente e tudo fazem pela nossa atenção e nos apaixonamos pelas que...? Enfim.


Na bagageira, as malas chocalham. Da boca da mochila dele, esventrada no banco traseiro, espreita a gárgula negra da capa de Love is a Dog From Hell, de Charles Bukowski, testemunha zombeteira das misérias privadas daquele habitáculo no meio de nenhures, com ar de quem diz eu bem te avisei.


E então ela encostou o carro e parou. Simpatizou com aquele lugar do universo. Sorriu, passou levemente os dedos pelo braço dele, beijou-lhe os lábios e abriu a porta. O ferrão deteve-se. Era feito disso mesmo o amor dele ou lá o que se lhe queira chamar: de pequenas vitórias e pequenas derrotas, de centelhas de esperança e banhos de descrença, fazendo balançar, ora para um lado, ora para o outro, os pratos duma balança que não se via. Se ao menos ela o dissesse, de uma vez por todas…


Ele imaginava o deserto bem diferente: dunas, camelos, oásis, caravanas de beduínos, nada disso havia ali. O deserto são calhaus, calhaus encarnados, de todos os tamanhos, poeira, lacraus, casernas militares abandonadas e pistas que levam de nenhures a nenhures. Bem que ele imaginara um cenário diferente para aquilo que tinha em mente, para aquilo que ensaiara vezes sem conta, na véspera, no espelho quebrado da casa de banho da residencial Ibn Battuta, na última cidade antes do deserto, enquanto ela aguardava estirada na cama, com a sua camisa de noite negra. Mas aquilo era o que havia e não seria a desolação radical da paisagem que haveria de travar o passo aos sentimentos nobres. Inch Allah.


Quando ela abriu a porta do carro para retomar o caminho, ele deteve-a pelo braço e ela ficou a olhá-lo, sentada no banco, com as pernas morenas do lado de fora.
— Lara… Já pensaste na pergunta que te fiz?
— Já, mas ainda não tenho resposta. Quando quiser falar nisso, falo.
— Mas eu preciso de saber…
— Está calor aqui. Anda, entra no carro.


Ele ajoelhou-se na poeira e segurou-lhe a mão: — Não. Preciso que me digas. Prefiro ficar para aqui, sozinho, no meio do deserto, a viver um minuto mais na dúvida, sem o ouvir dos teus lábios.
— Deixa-te de disparates, anda. — disse ela, num tom meigo, passando-lhe os dedos pelo rosto e libertando as pernas para se sentar de frente para o volante.
— Não, Lara. Basto dizeres-mo. Senão, juro que fico aqui.
Por momentos, ele viu o seu próprio olhar suplicante e pateticamente apaixonado reflectido nas lentes dos óculos escuros. Ela aproximou então o rosto dele, beijou-lhe os lábios e sussurrou: — Como queiras.


Fechou a porta, pôs o motor a trabalhar e moveu o carro uns metros. Depois, deteve-se de novo e olhou-o pelo espelho. Não posso ceder agora, pensou ele, e ficou imóvel, ajoelhado no chão, com a palma da mão virada para cima como se pegasse ainda no fantasma da mão dela. Como ele não se movia, ela tornou a arrancar e ele ficou a ver o carro alugado desaparecer ao longe, sentado no chão, de olhar aparvalhado posto no ponto azul que desaparecia na poeira rubra.
Ela volta, disse para ele mesmo. Ela volta. Se existe justiça neste mundo, decência, amor, Deus, o que se lhe queira chamar, ela volta.


E ele esperou que o destino perfeito daquela tarde se cumprisse e ela tornasse a cruzar o horizonte, lhe caísse nos braços e lhe dissesse as palavras que lhe vedariam o peito contra as correntes de ar. O suor formava um regueiro em redor do seu corpo, rapidamente sorvido pela poeira estéril, mas uma coisa ele sabia: ela volta.


As horas passaram-se, o sol desistiu da espera e começou a desmarcar-se para ir dar luz a um outro desgraçado qualquer, para lá do horizonte, e ele, sempre na dele: ela volta.
Às tantas, veio a dúvida: será que ela volta mesmo?
E por fim, a certeza: ela não volta. Merda. Ela não volta.


Ao menos tenho a pista, pensou. É ir andando de volta na direcção do vilarejo mais próximo. Fica a cinco horas de distância, de carro, mas pode ser que passe alguém que me acuda.
No instante em que se levantou, sentiu o dia escurecer de repente. Olhou na direcção do sol e viu-o reduzido a um coágulo sangrento no meio dum manto rubro que engolia o céu e as nuvens e se aproximava a toda a velocidade.


Perto da pista erguia-se, precário, um casebre escavacado com frases em árabe tatuadas no reboco. Ele teve ainda tempo de buscar abrigo e ficou a aguardar que aquilo passasse. A poeira grossa açoitou as paredes de terracota durante longas horas, com um rugido ameaçador. Quando tudo acalmou, atreveu-se a espreitar pela soleira da porta, coberta por um monte de areia parda que lhe dava pela cintura. A paisagem em seu redor estava igual, mas totalmente diferente. Calhaus e poeira rubra, como sempre, mas outros calhaus e outra poeira. A pista sumira-se sob a tormenta. Depois da noite aparente, a noite real não tardava.

— E agora, como vou achar o caminho de volta? Donde viemos? Donde vim?

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

São as eternas perguntas, as tuas últimas mesmo quando estamos no mesmo lugar temos tendência para questionar donde viemos? e qual o nosso caminho.Por isso os teus textos têm tanto significado, porque nas coisas simples que nos perguntamos todos os dias tu dás uma história e tornas-as fulcrais.
Continua assim...

julho 14, 2008 2:53 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Confesso tenho uma falha ainda não li o livro mas porque sempre q fui lendo pareceu-me demasiado "comum" e isto não no sentido de ler em qualquer sítio de ser igual aos outros mas por me parecer demasiado igual a ti, vá se lá saber porquê.......mas prometo q vai ser o meu livro de verão.
Ah além de mais depois quero uma dedicatória no livro

julho 14, 2008 2:55 da tarde  
Blogger Filipe de Arede Nunes said...

João,
Passei por cá e vi que tinhas novas postagens!
Depois de ler tudo, quero apenas agradecer-te por escreveres para nós.
Obrigado.
Um abraço,
Daniel

julho 14, 2008 10:25 da tarde  
Blogger Funafunanga said...

Queridos amigos,
é um prazer imenso ter-vos de volta a esta vossa casa. Tenho 3 relatórios de mestrado para fazer até Setembro, pelo que não posso escrever com a frequência que gostaria. Contudo, tentarei ir tendo coisas novas com alguma regularidade.

julho 14, 2008 11:03 da tarde  

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