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segunda-feira, janeiro 23

O Frio (primeiras linhas de um romance alucinado)

—Nessa noite estava frio… Alguma vez tiveste frio?
Ela observava, distraída, a rua desfilando na montra do café.
—Alguma vez tiveste frio?—insisti, tocando-lhe no ombro.
—Se tive o quê?
—Frio!—repeti.
—Claro que já tive frio!—disse ela, levemente incomodada com a pergunta.
—Não estou a falar do frio que se tem quando se sai à rua à noite sem um casaquinho de malha para proteger os ombros. Não é o frio que apenas incomoda, estou a falar daquele frio que penetra até no tutano dos ossos, que se infiltra nos fluidos do corpo e entorpece o cérebro… Um tipo sente-se indefeso à brava, quando sente o sangue e o sémen congelarem-se-lhe nas veias e nos tomates, matando-o lentamente, a partir de dentro… Um frio de se pode ver, cheirar, ouvir e provar na língua aquele sabor gélido a morte. Frio a sério. O frio que têm aqueles que não têm para onde fugir dele.
Ela olhou-me em silêncio, apertando a carne das bochechas contra os dentes para não chorar.
—Tu tens para onde fugir do frio. Só não o fazes porque não queres!—respondeu, por fim.
—Estamos a desviar-nos da história.—murmurei—Mas dizia eu… Nessa noite estava frio. Só para teres uma ideia, estava tanto frio, tanto frio, que quando um se peidava, os outros juntavam-se logo à volta do cu dele para aquecerem as mãos.
Ela estremeceu com um esgar de nojo. Há muito que eu tinha o hábito de a escandalizar com narrativas grotescas e tiradas obscenas e viscerais enxertadas no meio de conversas civilizadas. Ela costumava afastar-me com uma pancada no ombro e uma careta, chamando-me porco. Desta vez não me chamou nada, nem fez qualquer careta. Apenas um esgar tristonho, sinal de que sabia que, desta vez, eu poderia não estar a brincar.

domingo, janeiro 8

A história do homem que ensinou o olho do cu a falar

Dedicado a todos aqueles que só dizem merda.

"Alguma vez te contei a história do homem que ensinou o seu próprio olho do cu a falar? Todo o seu abdómen se mexia para cima e para baixo, percebes, peidando as palavras. Nunca tinha visto nada assim. A voz do rabo dele tinha uma espécie de tonalidade rouca. Batia bem fundo na alma, tal como quando tu precisas de ir… Sabes como é, quando o velho cólon te dá uma cotovelada e te sentes frio por dentro e tu sabes que tudo o que tens a fazer é soltá-lo? Bom, a voz dele dava-te dessa forma, um som denso, efervescente e estagnado, um som que se podia cheirar!

Este homem trabalhava num circo, compreendes, e no inicio era como um espectáculo de ventríloquo, mas muito mais divertido. Ele tinha um número a que chamava “O melhor olho” que era de gritos, estou-te a dizer! Já me esqueci da maior parte, mas era inteligente. Do género “Oh, ainda estás aí em baixo, amigo?”, “Nah, tive que sair para me ir aliviar”. Ao fim de uns tempos, o cu começou a falar sozinho. Ele passou a aparecer em palco sem nada preparado e o cú fazia o espectáculo todo sozinho! Depois, o cu desenvolveu uma espécie de ganchetas em forma de dentes e começou a comer. O homem achou-lhe piada no início e passou a adicionar essa habilidade ao seu número, mas o cú ocasionalmente decidia comer-lhe as calças e começar a falar no meio da rua, gritando que queria direitos iguais. Também passou a embebedar-se, e quando lhe dava para chorar ninguém o aturava e queria ser beijado como qualquer outra boca.

Finalmente, o cú falava a toda a hora, de dia ou de noite, e podia ouvir-se o homem em vários quarteirões gritando-lhe que se calasse, espancando-o com o punho e enfiando velas por ele acima, mas nada resultava. Um dia, o cú disse-lhe “És tu quem no final se vai calar, não eu! Isto porque nós já não precisamos de ti para nada. Eu consigo falar e comer E cagar”. Depois disso, o homem começou a acordar com uma substância transparente e gelatinosa sobre a boca. Essa substância era aquilo a que os cientistas chamam TinD, Tecido Indiferenciado, que se pode desenvolver e tornar-se qualquer tipo de carne no corpo humano. Ele arrancava-o da boca e os pedaços colavam-se às suas mãos como gelatina de gasolina a arder e cresciam ali, cresciam em qualquer parte do seu corpo. Então finalmente a sua boca ficou completamente selada e toda a sua cabeça se tornou espontaneamente amputada, excepto os OLHOS, percebes. A única coisa que o olho do cú não podia fazer era ver. Precisava dos olhos. Mas as ligações nervosas estavam bloqueadas e atrofiadas e infiltradas, de forma que o cérebro já não conseguia dar ordens. Estava prisioneiro do seu próprio crâneo, para sempre selado. Por algum tempo foi possível ver o sofrimento silencioso do cérebro por detrás dos olhos, depois finalmente o cérebro deve ter morrido, porque os olhos apagaram-se e não havia mais emoção neles do que nos olhos de um caranguejo após ser pescado."

William Burroughs, Naked Lunch