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sábado, outubro 29

O Homem Mais Totó do Mundo

Sete horas. O Homem Mais Totó do Mundo acordou, com os safanões da mãe (ele vive com a mãe, apesar de ter já quarenta anos).
À porta de casa, o seu carro, impecavelmente estacionado no lugar respectivo, encontrava-se bloqueado por um outro, escandalosamente parado em segunda fila. Já estava habituado. Foi até ao café da frente e perguntou à multidão que vegetava ao balcão: —Quem é o dono do renault clio azul que está ali fora?
Ninguém se acusava. Em bom rigor, ninguém fazia mesmo caso das suas palavras. Alguns continham até uma risada. Estavam a gozar com a sua cara.
O dono do café teve pena dele e apontou-lhe o “culpado”.
—Bom dia, meu amigo. O seu carro está a bloquear o meu e estou com alguma pressa. Não se importa de ir tirá-lo da frente?
—Com certeza que vou, mas espere só um momento enquanto não vem a minha torrada e enquanto o meu galão arrefece um pouco, senão ainda queimo a lingua.
O Homem Mais Totó do Mundo olhou para ele e constatou que se tratava de um homem bastante jovem, logo, precisava de alimentar-se e o pequeno-almoço é uma refeição essencial.
Então esperou.



Mais tarde, parou o seu carro à porta do escritório. Ao sair pela porta, uma cigana romena, que trazia nos braços uma criançola muito encardida (que pareceu ao Homem Mais Totó do Mundo um pouco grande demais para ainda andar de colo, mas poderia, enfim, sofrer de cansaço crónico), pediu-lhe esmola. O Homem Mais Totó do Mundo deu-lhe um euro, a única moeda que tinha na carteira. A cigana olhou para a moeda e esboçou um esgar de indignação.
—Como acha você que eu vou alimentar o meu filho com um reles euro? E, como ele, tenho mais nove! Não tem mais dinheiro?? Então, por favor, dê-me pelo menos um euro por cada filho, acrescido do valor correspondente ao IVA à taxa legal aplicável. Se não tiver, pode ir ali à máquina levantar dinheiro, que eu espero.
O Homem Mais Totó do Mundo levantou da caixa multibanco e deu à cigana mais de dez euros, sentindo-se bem consigo próprio por ser tão caridoso.

Ao fim de meia hora no escritório, o seu patrão veio ter com ele à acanhada dispensa onde o Homem Mais Totó do Mundo tinha a sua secretária e computador, no meio de baldes e esfregonas (outrora tivera um gabinete seu, mas cedera-o a um colega que se queixara que o seu próprio gabinete lhe transmitia energias negativas, pois as suas dimensões não obedeciam aos ditames da milenar arte do feng shui ou do ikebana ou do chop soy, ou algo do género).
Disse-lhe o patrão: —Homem Mais Totó do Mundo, de certeza que reparaste que a Anabela, sendo manifestamente menos competente que tu, foi na semana passada promovida e tu não...
Não, o Homem Mais Totó do Mundo não havia reparado, ou melhor: reparara, mas nada dissera, até porque não era de intrigas.
—Não sou obrigado a dar-te satisfações e se o faço é porque te respeito e estimo. Promovi a Anabela e a ti não porque a Anabela faz uns broches fenomenais. Eh, mas não desanimes, campeão! A tua hora dá-de chegar!
O patrão piscou-lhe o olho, apontando amigavelmente com o dedo indicador para ele, como quem aponta uma pistola. O Homem Mais Totó do Mundo repetiu o gesto, maquinalmente e com um sorriso amarelo.

À noite, o Homem Mais Totó do Mundo contou à namorada o dia que havia tido, enquanto jantavam à luz das velas.
Ela torceu o nariz e disse-lhe: .—Homem Mais Totó do Mundo, por vezes gostava que não fosses tão totó! Já viste bem que ninguém te respeita?
Aí o Homem Mais Totó do Mundo saltou da cadeira.
—Mulher, eu não admito que me fales dessa maneira! Julgas que deixo que me pises a cara, que me insultes dessa forma? Adeus!
O Homem Mais Totó do Mundo deixou a namorada, satisfeito por ter sido homem e ter tomado uma posição de força, demonstrando que era uma pessoa com auto-estima e que impunha o respeito dos outros.

Eu não conhecia o Homem Mais Totó do Mundo. Já ouvira falar, mas não sabia quem era. Até ao dia em que o vi e soube instintivamente que era ele. Vi-o passar calmamente pelo meio de um grupo de miúdos, voltando a emergir do meio da multidão com o mesmo sorriso sereno. Vi-o dirigindo-se na minha direcção, passou por mim, vi-o vir de frente, passou por mim, vi-o de costas. Nelas os miúdos haviam colado um papel dizendo “Otário”.

quinta-feira, outubro 27

Getting High

Uff! Que dia. Hoje encontrei o Tiago. Já há algum tempo que não o via, embora falasse com ele de vez em quando. É claro que quando se está com o Tiago não se podem fazer coisas muito normais. Desta vez ele decidiu levar-me a escalar. Ok, disse-lhe eu, por mim na boa. É uma sensação espectacular, estar lá em cima. Inspiro e de repente o mundo inteiro entra-me pelos pulmões dentro e sinto-me bem, relaxado. É um bocado estranho quando penso nisso, afinal de contas quem é que fica relaxado quando está agarrado a uma parede a 20 metros do chão (são 5 andares!!)? Mas com o Tiago isto seria demasiado simples. Não, tem que haver mais qualquer coisa. Propõe-me perder o medo pelas quedas, sim porque para quem escala as quedas são bastante frequentes. E que melhor maneira de perder esse medo do que saltar. É bastante simples: estou lá em cima e o Tiago cá em baixo, (ele tem os pés bem assentes no chão...), entretanto dá folga à corda e eu atiro-me. É suposto cair, cair, cair e de repente a corda dar um esticão que me atira de encontro à parede (é esta a parte que supostamente me poderia causar medo). Se por acaso não sentir o esticão algo correu mal.

Bem, hoje realmente senti-me vivo, muito vivo. Estou muitos metros acima do chão com uma corda presa à cintura, meio bamba não oferecendo qualquer sensação de segurança, e depois é simples, tenho que largar a parede e deixar-me cair.

Pois esse é que é o grande problema.

Existe uma coisa chamada instinto que dispara e começa-nos a dizer que somos completamente malucos, para não fazermos nada daquilo e deixarmo-nos estar quietinhos sem cometer nenhuma loucura. As pernas começam-me a tremer, os braços também. Acho que se tremer mais um bocado acabo por cair mesmo. É incrível, estar numa situação do mais contra natura que me lembro, a adrenalina que supostamente nos faz ficar mais rápidos e com menor tempo de reacção faz-me ficar com medo, muito medo. Não quero saltar.
Não salto, digo para o Tiago.
Salta, diz-me ele.
Simples, não é? Há uma fracção de segundo em que quero mesmo saltar e penso que vou mesmo saltar mas não, volto-me a agarrar com quantas forças tenho.
E de repente senti-me vivo, aquele momento em que tomo a decisão de saltar e me lanço para trás, aquele momento sem retorno, faz-me saber que estou vivo, o meu espírito está livre e tem vontade própria para contrariar aquilo que o meu corpo diz para fazer, para me deixar estar quietinho. Depois há a queda que parece interminável. É delicioso o breve espaço de tempo em que não sinto qualquer peso e caio, caio e estico!! Pois, realmente a parte de bater contra a parede dói, dói muito. Fico pendurado a girar de um lado para o outro, enquanto o Tiago, lá de baixo, me felicita. Tremo por todos os lados, olho para a minha perna e parece que tem vida própria, parece que está epiléptica. Olho para a outra mas está mais calma, parada. Por dentro tremo, o meu espírito treme mas sente-se vivo como nunca. De repente sinto-me eufórico como se fosse capaz de conquistar o mundo.
O Tiago pergunta-me que tal? Eu respondo-lhe que quero saltar outra vez. Ao que parece, a sensação de estar vivo é altamente viciante. O Tiago já sabia, eu percebi agora.

Well, I think it’s time to get high again. This time, no climbing.... just the “normal” way.

segunda-feira, outubro 24

Não vos cheira a fumo?

.

Estamos num quarto totalmente às escuras. Ouvimos quatro pessoas a respirar, mas não as vemos. Clic! A chama de um isqueiro reluz subitamente na penumbra. A ponta de um cigarro enrolado acende-se, largando uma chuva de fagulhas cintilantes ("morangos", "quicos"). Tal como a explosão de uma supernova, mas numa escala infinitamente mais pequena. Alguém puxa pelo filtro, avivando a ponta incandescente. Um rosto avermelhado emerge da penumbra. Passa ao companheiro do lado, que leva o cigarro à boca e assim revela as suas feições, e assim sucessivamente, até todos saberem quem são os companheiros da penumbra, até todos saberem com quem podem contar.


Senhoras e senhores, entrem depressa e fechem a porta para não fazer corrente de ar. Já cá estão todos? Aproximem-se. Mais um pouco. Sejam benvindos a esta nossa salinha dos fundos.

A ideia deste blogue nasceu há uns tempos. Vejo uma sombra fechando a porta do carro. Acaba de chegar a casa vindo de uma noite de copos. Abre a porta, escuro como breu. Dá um pontapé num balde de alumínio cheio de objectos de cristal e no gato (tudo coisas que fazem barulho, justamente naqueles momentos em que não se quer fazer barulho). Ele não tem sono. Os amigos dele também não. Por essa hora, cada um deles chega a casa, o cenário repete-se. Mas quem são eles?
- Uma mulher frágil mas de olhar penetrante, nos seus vinte e poucos anos, vestida de vermelho, para muitos uma cabra arrogante, para uns poucos uma musa.
- Um nómada sem destino que largou o conforto do sofá em busca da lendária vertigem dos eternos viajantes. Ontem, Londres. Hoje, Barcelona. Amanhã, logo se vê.
- Um fotógrafo de instantes desfocados (porque o instante não espera pela mudança da lente), empresário em nome individual no ramo do tomilho, de cujo universo é fiel guardião.
- O único ser humano louco deste mundo - ou o único ser humano são (ninguém sabe ao certo), eterno turista no seu próprio meio, propenso a heterónimos e a vidas duplas e paralelas e a teorias cósmicas que metam pinguins e gravuras japonesas pelo meio.

Agora que estamos aqui todos, no escuro, vejo claramente as almas de cada um, dissolvendo-se em fumo prateado que ascende ao tecto. Parece-me que vai sair daqui qualquer coisa boa. Alucinemos em conjunto, escorramos pelo soalho para que se possa remexer e saber o que pensamos quando estamos sentados no metro.

E vocês, façam lá a vossa e rodem-na aqui mesmo. Benvindos à sala de fumo. Tudo é permitido desde que mantenham a porta fechada.

Resta-me dizer que as saídas de emergência são três e estão localizadas ao vosso lado direito. Uma é o quadradinho com a cruzinha do canto superior direito. Outras são os linques para outros blogues. A outra é a imaginalucinação de quem nos lê, que não deve julgar-se prisioneira dos devaneios literários alheios, por quem sois, partilhai os vossos!