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sexta-feira, junho 6

124 VIA LENTA

Dedicado a todos aqueles que sabem perfeitamente aquilo a que o título se refere
Que doçura, não é verdade? As luzes na terra, as luzes na água, a cidade, o rio, a maresia, os bentos salpicos de Tejo na fronha se conseguires lugar rente à borda. É verdade que tudo tem um ar meio seboso, a começar pelas cordas embebidas de óleo, sem esquecer as tábuas do convés queimadas pelo sal e a beata de SG Ventil cravada nos beiços do velho que ao teu lado deita olhares melancólicos para o fundo do rio como quem procura uma antiga namorada. Tens ainda de te abstrair dos urros e caralhadas trocadas entre marujos da água e marujos da terra. São marinheiros de água doce, todos eles, mas sabem mais do mundo do que tu aprenderias em dez vidas que vivesses. É um cruzeiro de pobres, mas também, por 74 cêntimos, estavas à espera do quê? Teu amigo é quem to diz: goza bem a vista sobre Lisboa, aprovisiona-a como quem enche o peito de ar antes de dar um mergulho, é a vista mais bela que terás à mão esta noite. Sejamos francos e directos: o mais belo de Almada é a vista privilegiada que temos sobre a Grande Alface. Quando andava na escola, tanto nos bombardearam com propaganda municipal, Almada, do lado certo, cidade de belezas sem igual, concelho de história, de tradição, de modernidade, tralalá pardais-ó-ninho que cheguei mesmo por momentos a acreditar nalgumas dessas patranhas. Sei que estás a desmentir só para me seres agradável, deixa-te disso que o desengano é a serventia da casa. O mais belo da margem sul, ou simplesmente a Margem, para os conhecedores, é esta vista que aqui tens, e a costa atlântica, bem entendido. Aí sim, a beleza é plena, mas o mérito não é do homem: o mar é o mar é o mar é o mar, é belo em qualquer parte do mundo (excepto, talvez na Inglaterra). Anda, salta, como toda a gente. Se esperarmos que eles estendam o passadiço ainda perdemos a camioneta. Que te parece a terra firme? A tudo isto chama-se Cacilhas.
Reza a lenda que o nome vem do «dá cá cilhas» que era dito pelos comerciantes ao descarregar a mercadoria dos barcos para o lombo dos burros. Não é propriamente lírico, bem sei. O cheiro é uma mistura de algas podres, óleo de máquinas e xamom rançoso. Não ligues ao rato espalmado no asfalto com marcas de pneu, é nova campanha da michelin, não sabias passas a saber. Aposto que não te arrependes da dúzia de ginjinhas com elas que esvaziámos nas Portas de Santo Antão! Em frente ao embarcadouro, para lá da caravana de táxis parados, uns beiges e outros verdes e negros, tens o enorme descampado, do tamanho de meio campo de futebol, que serve de terminal de autocarros a céu aberto. Para a direita, estendem-se o cais do Ginjal e Olho de Boi, uma doca estreita, escura e húmida, onde uma dúzia de fantasmas negros pescam bogas e tainhas pela noite adentro, em frente aos armazéns abandonados que ameaçam derrocada. Para a esquerda, tens os antigos estaleiros de reparação naval da Lisnave, também desactivados, uma lixeira de ferrugem a perder de vista, com docas secas, gruas, correias e maquinarias que destilam óleos antigos se faz chuva e assobiam das frestas se faz vento. É deixá-los estar quietos: com alguma imaginação e boa vontade, ainda se solda uma plaquinha de bronze àquele monte de ferro-velho para descerrar em vésperas de eleições com discurso e beberete, loas ao artista e direito a foto no boletim municipal, e com certeza há-de dar um bom monumento às «Conquistas de Abril» ou ao aniversário do «Associativismo Operário Livre». Ou a algo do género. Viver num concelho CDU por vezes dá a sensação de fazer parte duma recriação histórica do PREC, uma espécie de parque temático em que o rato Mickey usa bigode à Estaline. Digo-o com carinho. Do mal, o menos. Detestaria ver a freguesia ribeirinha de putas, marujos, estivadores, bêbados, carochos e loucos sonhadores substituída por meninos de fato e gravata com a pasta e o saco do ginásio numa mão e saquinho de papel da loja gourmet na outra. Os comunas, ao menos, mantêm aquilo num nível saudavelmente xunga. Sei que talvez não concordes comigo, mas eis o que penso: Portugal já foi uma nação de forcados, de campinos, marujos, pescadores de bacalhau, homens de barba rija, de pêlo na venta, gente de ardor, gente com raça, amante da paz, mas ciosa da sua honra e da sua liberdade. Mas uma seita de mariconsos e higieno-fascistas tomaram o poder sem nos termos dado conta e lentamente estão a transformar tudo a seu gosto. Eles não vão conquistar Cacilhas, jamais!, por cima do meu cadáver!
Que dizes? Que eu falo como se gostasse realmente disto? E quem te disse que eu não gosto? ‘Tou-te a topar: como eu disse que isto era feio, tu pensaste logo que eu não gostava. É preciso ser-se um cabrãozinho bem comichoso para só gostar do que é belo, não achas? Que o coração não é um esteta é ponto assente, e não me venhas cá com Platão, o que é belo não é necessariamente bom nem vice-versa, que percebia esse gajo da vida? É um gosto que se adquire. Nem é bem um gosto, para ser preciso: é uma visão do mundo, que quando te agarra, já não te larga. Se não fosse um lugar-comum, diria mesmo que é um estado de alma.
Por essas e por outras, não tenciono impingir-te nada. Uma visita guiada nunca fez mal a ninguém. Podia ter-te calhado pior cicerone. Agora corre, ainda perdemos a camioneta.

quarta-feira, junho 4

Conselho ao jovem escritor

Ouve bem o que este grande homem tem para dizer. Quando terminares, ouve de novo e de novo até entrar mesmo.

Charles Bukowski - "Poetry is a beer shit"

A minha tirada preferida: "Those who say the poet is a very private and precious person - I don't agree with. Generally he's just a dumb fiddling asshole writing insecure lines that don't come through, believing he's imortal, waiting for his imortality which never arrives because the poor fucker just can't write". Isto é tão verdade!

terça-feira, junho 3

Projectos de vida

1.º Escrever que nem um danado, trabalhar para a fama póstuma (que tem aquele doce e vingativo sabor do “eu bem dizia”)

2.º Bater a bota aos 28 anos, como o Morrison, a Janis e o Hendrix, de forma glamorosa, e dar um bonito cadáver (viúva chorosa e morgadito para viver à conta do nome e dos rendimentos do Freire Estate, certamente um maius)

3.º Dizer a umas quantas pessoas o quanto gosto delas

4.º Dizer a umas quantas pessoas o quanto quero que se fodam

5.º Ver, por fim, essas fotos de Cuba (!!!)

O mal das Due Diligences

Lição de vida para o jovem advogado: se não estás preparado para o que podes encontrar, o melhor é mesmo omitir toda e qualquer Due Diligence. Sobretudo quando o que está em causa não tem que ver com M&As.

Um dois três João não salva ninguém

Não sei ao certo como vim aqui parar, nem o que estou aqui a fazer. O que é certo é que voltei. Não se deve voltar aos locais onde se foi feliz, bem sei, mas agora cá estou e não há volta a dar-lhe. Esta porta, fechada durante anos, rangeu em ecos de mausoléu e, pela nesga, vi escorrer uma réstia de fumo sobrada de outras eras. E que eras! Foi a puta da loucura, queridos amigos.

A Di é agora uma advogada de sucesso, com o mesmo feitio de merda e carácter de ouro. O Nuno lá anda perdido por Barcelona, a acarinhar cancrozinhos em caixas de petri como se fossem tamagoshis (resta saber se a salvar a humanidade do cancro se o cancro da humanidade), a armar conflitos diplomáticos em estados-tampão obscuros do antigo bloco comunista e a sonhar com o seu bar na praia. O TM, bom, não faço ideia - tenho passado pela Lusófona, ocasionalmente, e enquanto espero pela razão que me leva lá, por vezes penso que seria giro aparecer alguém a falar das propriedades biológicas do tomilho ou das razões que fazem com que a Lomo seja melhor que sexo. São questões importantes que alguém deveria mesmo abordar nos dias que correm. A sério.

Quanto a mim, estou três anos mais velho e duas vezes mais louco. Fiz coisas de que me orgulho, outras que nem por isso. Nos tempos áureos deste blogue, andava o escrever o meu "Funafunanga", vivendo a fugaz ilusão de ter meia iuris-cáfila lisbonense crendo-me o anticristo e a outra metade achando-me uma espécie de Che Guevara; a trabalhar que nem um mouro e a escrever desenfreadamente até às três ou quatro da manhã para no dia seguinte retomar aquele Brotberuf que odiava e no fim de semana embebedar-me de caixão à cova nos piores antros para exorcizar tudo o que me fizesse lembrar das escolhas por mim mesmo feitas, livre e conscientemente, e também em busca de matéria-prima literária, há que dizê-lo.

Pessoas entraram na nossa vida. Pessoas sairam da nossa vida. Somos como uma porra duma Santa Apolónia, cada um de nós, simplesmente há uns poucos que vão ficando, tipo mendigo que está sempre sentado no mesmo local, com o cão, de mão estendida, num canto a tresandar a mijo mas onde ele se sente bem. Mesmo que, por muita estupidez, nos ocorra correr com essa personagem, ela volta sempre, para aquele mesmo canto, com a sua trouxa. É para esses que farei, ao longo dos próximos dias, um esforço para explicar, afinal, o "que vos queria ontem às 3 da manhã" (lembras-te, Di?)